Passatempo
Eu amei demais ele. Ele me fazia sentir que eu era especial, me causava borboletas no estômago, um frio na barriga inexplicável. Eu sempre queria ficar perto dele; sempre que ia embora, torcia para outro dia chegar logo para vê-lo. Em meus olhos, havia um brilho quando o via... Seu abraço, seu cheiro, seu jeito. Os lugares, peças de roupa, acessórios — tudo me lembrava ele (talvez ainda lembre).
Era para ser só algo momentâneo, ‘uma ficada’, mas não levei a sério. Não considerei como me sentiria quando tudo aquilo passasse e acabasse — porque, com certeza, iria acabar. Todo mundo via, menos eu. Eu escolhi ignorar que haveria um fim.
Eu de fato amava aquele garoto... meu garoto... até então.
Quando ele me disse que queria tentar algo com outra pessoa, a ficha não caiu por completo. Chorei um pouco, mas, com o passar do tempo, me critiquei. Me perguntei onde errei, se poderia consertar meu erro. Com tantos pensamentos, senti meu peito rasgar e meu coração se partir em mais de mil pedaços. Afinal, o garoto por quem eu havia me apaixonado estava apaixonado por outra — a quem eu via todos os dias.
O mesmo brilho que existia no meu olhar quando o via era o brilho que havia quando ele via ela. E isso me partia o coração.
Cinco anos se passaram. A dor não é tão intensa quanto antes, mas ainda dói quando me recordo de tudo. Sinto meu peito calejar e as feridas se reabrirem...
Por que não consigo esquecê-lo? Ele realmente me amava ou só me via como uma oportunidade? Sou uma piada? Sou apenas um corpo? Será que não tenho sentimentos? Por que o ser humano é tão egoísta ao ponto de fazer algo só para seu próprio bem?
Me decepcionei com o que me fiz passar para estar perto daquele por quem meu coração clamava. Perceber que fui apenas um passatempo me entristece cada vez mais.
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